segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Arte

Irã de cabeça para baixo

Pulso iraniano/ oi Futuro, RJ/ até 30/10

Paula Alzugaray
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Peyman Hooshmandzadeh vive em Teerã, capital do Irã, onde trabalha como fotojornalista para vários jornais locais. Além da atividade como fotógrafo e editor de imagem, Hooshmandzadeh desenvolve um trabalho pessoal de fotoperformance em que se autorretrata em posição invertida em diversas situações: dentro do metrô ou diante de cartões-postais de Teerã (como a parede grafitada, na foto abaixo). Ao lado de outros 22 artistas, ele integra a mostra “Pulso Iraniano”, no Oi Futuro, no Rio de Janeiro, e com sua atitude expressa bem a intenção do curador Marc Pottier. “A arte do Irã não tem só a política e o exílio como temas. Quero focar o pulso, o dinamismo, a criatividade”, diz o curador francês, que, desde Paris, observa como os artistas iranianos têm ocupado cada vez mais o mercado de arte internacional.

Além de exibir um panorama bastante completo da arte iraniana hoje, realizada em fotografia, vídeo e cinema, a mostra ainda revela a produção resultante de um circuito de exibição independente, crucial em um país controlado por uma ditadura militar que não apoia as artes. “Nós não queremos apoio do governo. Não queremos a responsabilidade de ter que corresponder a esse apoio”, diz o artista Amirali Ghasemi, que, além de mostrar seu trabalho em “Pulso Iraniano”, é o curador de uma mostra de obras de 26 videoartistas. Em Teerã, Ghasemi coordena um espaço de arte na garagem de sua casa, a Parking Gallery (www.parkingallery.com).


Embora a pauta não seja a política, ela está presente na maior parte dos trabalhos em exposição no Oi Futuro. Até mesmo no segmento dedicado à poesia, já que a escritura no Irã é uma forma de resistência. No módulo centrado na mulher, o tema é ainda mais premente. A obra da cineasta Shirin Neshat aborda as barreiras culturais e religiosas erguidas entre homens e mulheres em sociedades islâmicas contemporâneas, e o faz não de forma a vitimizar a mulher oriental, mas sim para salientar sua coragem e audácia. O mesmo efeito têm as videoperformances da artista Ghazel, quando representam a mulher – e seu inseparável chador, a vestimenta negra islâmica – em situações tão banais quanto ousadas: no supermercado, na guerra, na montanha de ski. 

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