Ilustradores

"Raul Taburin", de Sempé, diverte com humor sutil e simplicidade

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por Martha Lopes - 23 de fevereiro de 2011

Cena do livro

Na cidade de Saint-Céron, os óculos são chamados de Bifalha, como Fréderic Bifalha, o óptico. Já presuntos são ditos tourinhos, a exemplo de Augusto Tourinho, especialista no alimento. Taburin é outro dos poucos que têm esse privilégio: na cidade, bicicletas são apelidadas de taburinhas, uma vez que o homem é o maior entendido das "magrelas". Taburin, porém, reserva um segredo que pode acabar com a sua fama: não sabe andar de bicicletas.

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Essa é a simpática trama apresentada em "Raul Taburin" (ed. Cosac Naify), do cartunista francês Sempé. A história passa por uma reviravolta com a chegada do fotógrafo Hervé Figure. Ele pode descobrir o segredo de Taburin por causa de uma obsessão: o desejo de tirar uma fotografia de Taburin em cima da sua bicicleta.

TIPOS APAIXONANTES
Sempé é um exímio criador de tipos apaixonantes. Com humor sutil, apresenta ao leitor personagens de um cotidiano que esnoba simplicidade: são homens e mulheres que percorrem a cidade de bicicleta, passeiam pelo mercado, jogam conversa fora.

Ilustrações delicadas e de uma personalidade marcante ajudam a construir esses perfis. O traço de Sempé pode ser reconhecido por aqueles que já leram "Marcelino Pedregulho", também do desenhista, e a série de aventuras do Pequeno Nicolau -- adaptado para o cinema no último ano --, cujos desenhos são assinados por ele.

Os personagens da cidade pequena também remetem à obra de Pequeno Nicolau, que é inspirada na infância de Sempé. Em comum, esses e outros livros que contam com a colaboração do desenhista têm, como centro, desvelar o cotidiano de um vilarejo francês, sensibilizando com exuberante despretensão.

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