publicado em artes e letras por carolina carmini |
© Inhotim, Vista do Lago - Maurílio Garcia
O Instituto Cultural Inhotim é um espaço onde a arte e o meio ambiente interagem harmonicamente. O espaço possui dezesseis galerias e dezoito obras espalhadas nos jardins. Seu acervo é formado por mais de 500 obras de mais de 100 artistas nacionais e internacionais. É considerado o maior museu de arte contemporânea a céu aberto do mundo.
© Inhotim, Obra Abre a Porta de John Ahearn e Rigoberto Torres - Foto cedida por Inhotim
Inhotim está localizado no município mineiro de Brumadinho, no Vale do Paraopeba a 60 km de Belo Horizonte (MG). Além de belezas naturais, o local possui diversas riquezas históricas e culturais. Uma das principais politicas do instituto é a integração com a comunidade em que está inserido. Parte da população local atua diretamente no espaço e projetos educativos e de qualificação profissional são desenvolvidos pelo instituto.
© Inhotim, Detalhe de Obra Abre a Porta de John Ahearn e Rigoberto Torres - Foto de Maurílio Garcia.
Esse diálogo com a comunidade é tão intenso que se reflete na obra Abre a Porta, que se encontra na entrada do Instituto. Os artistas John Ahearn e Rigoberto Torres foram buscar na população de Brumadinho os rostos e trejeitos para suas esculturas realistas. Durante um longo período a dupla de escultores viveu junto à comunidade do município, buscando captar o caráter, valores e vitalidade. O portal traz a imagem de uma procissão religiosa, realizada por membros dos grupos locais de Congada e Moçambique, buscando assim demonstrar e resgatar a riqueza cultural da cidade.
© Inhotim, Detalhe de Obra Abre a Porta de John Ahearn e Rigoberto Torres - Foto de Maurílio Garcia.
© Inhotim, Detalhe de Obra Abre a Porta de John Ahearn e Rigoberto Torres - Foto de Maurílio Garcia.
O projeto do empresário brasileiro Bernardo Paz nasceu na década de 1980, junto com o acervo de pinturas, esculturas, desenhos, fotografias, vídeos e instalações que começou a se formar. Paz, antes de ficar conhecido como grande mecenas da arte contemporânea no Brasil e no mundo, era reconhecido como dono de uma das maiores produtoras de ferro de Minas Gerais.
© Inhotim, Obra Celecanto Provoca Maremoto de Adriana Varejão - Foto cedida por Inhotim.
A reserva técnica de Bernardo Paz se encontrava no sitio em Brumadinho. A propriedade, que pertencia a “Nhô” Tim, avô de Paz, hoje possui área de 1400 hectares de proteção ambiental e ocupa 10% do município. Com o tempo, Bernardo Paz acabou comprando diversas fazendas que faziam divisa com as terras de seu avô. A abertura oficial do espaço se deu em 2004, mas somente no ano de 2006 o instituto passou a receber visitantes do mundo todo.
© Inhotim, Obra True Rouge de Tunga - Foto cedida por Inhotim.
Algumas das obras presentes no espaço foram doadas por artistas a Inhotim. Outras, por Bernardo Paz e pelas empresas associadas a ele. As obras monumentais que estão fixadas no chão encontram-se em comodato de longo prazo. O Instituto possui como política o “Projeto Manutenção”, que visa à preservação e renovação do acervo artístico e botânico do espaço. Um programa que colocou Inhotim como o único espaço de arte brasileiro que está adquirindo obras com foco em artistas contemporâneos - a partir da década de 1960 - nacionais e internacionais relevantes para a história da arte.
© Inhotim, Obra Penetravél Magic Square n. 5 - De luxe de Hélio Oiticica - foto Andre Mantelli cedida pelo Instituti Inhotim.
© Inhotim, Obra Beam Drop de Cris Burden - Foto cedida por Inhotim.
Um acervo tão importante e diversificado está sob a responsabilidade de três importantes curadores - Allan Schwartzman, Jochen Volz e Rodrigo Moura. Eles são os responsáveis por um projeto expositivo diferenciado e um programa de exposições que se desenvolve em dois núcleos: uma exposição de longa duração e outra temporária que é concebida para durar dois anos, buscando divulgar novas aquisições ou reinterpretando a coleção. As exposições são realizadas nas treze galerias dedicadas a obras permanentes, que se somam a quatro galerias para obras temporárias, além das diversas obras de arte espalhadas pelos jardins do Inhotim.
A grande ideia de Inhotim é o visitante envolver-se no espaço do instituto. Ele propõe um paradigma para as exposições de arte na atualidade ao possibilitar diversas construções expositivas realizadas pelos próprios visitantes. Cada indivíduo criaria sua própria concepção do museu ao realizar a incursão pelo espaço da forma que lhe pareça mais adequada. Ou pode ainda seguir as trilhas sugeridas pela curadoria.
O Jardim Botânico, um espetáculo a parte, é resultado de uma visita do renomado paisagista brasileiro Roberto Burle Marx ao local no ano de 1984. Na ocasião, ele colaborou para a criação dos jardins e fez diversas sugestões. O projeto paisagístico se desenvolve em duas bases: o acervo da Reserva Natural, um espaço com 300 hectares de mata nativa que é sistematicamente conservada, resgatada e catalogada, e a área de visitação de Inhotim, com uma área de 100 hectares onde se encontram os jardins de coleções botânicas com 4.500 espécies de todo o Brasil e ainda cinco lagos ornamentais. O jardim, considerado a maior coleção de plantas vivas do Brasil, possui até mesmo dois curadores próprios que atuam diretamente com a equipe de curadoria em arte contemporânea.
© Inhotim, Detalhes da Obra The Mahogany Pavillion (Mobile Architecture No.1) de Simon Starling - Foto de Maurílio Garcia.
O próprio paisagismo do parque tem como proposta provocar surpresas no visitante ao criar áreas que impossibilitam uma visão geral do espaço e trazem algum elemento novo a cada curva. Em cada clareira se encontra um edifício ou uma escultura. As próprias galerias são concebidas para criar uma integração entre interior e exterior, intensificando o diálogo entre arte e natureza. Uma verdadeira experiência para todas as pessoas, de todas as idades.
© Inhotim, Obra de Lama - Lâmina de Matthew Barney - Foto cedida por Inhotim.
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