domingo, 15 de maio de 2011

Adriana Calcanhotto






Na infância em Porto Alegre, o samba já estava entre os ritmos que saíam constantemente da vitrola invadindo os ouvidos de Adriana Calcanhotto. “Meus pais sempre gostaram, apesar de não ser a música que mais ouviam”, conta ela, filha de um baterista de banda de jazz e bossa nova e de uma bailarina. “Mas sempre tiveram uma paixão reverente pelo balanço do samba e é nesse sentido que afirmo que não teria muito como escapar: se não herdasse de um, herdaria do outro.”

Anos mais tarde e já famosa, ela não abandonou o ritmo que é filho das raízes africanas no Brasil, embora o repertório da cantora não se prenda a um estilo único, indo da bossa nova ao rock, sempre com pitadas de originalidade nos arranjos. “No meu primeiro disco, Enguiço (esgotado), gravei samba, no segundo, gravei com a Mangueira do Amanhã [Grêmio Recreativo e Cultural]. Enfim, não vou fazer contabilidade, mas tudo o que pode ser chamado de ‘minha música’ é contaminado pelo samba”, garante.

Certeza que se prova definitivamente agora com o seu oitavo disco, – com o heterônimo Adriana Partimpim ela lançou dois álbuns de estúdio para as crianças – recém-lançado, O micróbio do samba. “Parece uma loucura dizer isso, e é, mas não tive vontade de fazer um disco só de sambas. O que fiz na verdade foi registrar uma safra de canções que escrevi, inteiramente contaminadas pelo samba. Até porque nunca pensei em fazer um álbum de um gênero único”, brinca.

Em 12 canções, Adriana, como não podia ser diferente, traz contemporaneidade ao ritmo e originalidade à voz ativa nas letras. Assim, por exemplo, em Beijo sem é a mulher que vai à Lapa e dispara: “Beijo bem / madrugada sou da lira / manhãzinha de ninguém / noite alta é meu dia / e a orgia é meu bem”. Ou então em Tá na minha hora, quando mais uma vez a protagonista é quem assume o papel de cair na folia nos versos “o meu coração é verde rosa /não chora, neguinho, não chora /tá na minha hora, tá na minha hora”.

Mas, na visão de Adriana, o posto que o sexo feminino ocupa nessas músicas não surgiu de uma intencionalidade forçada. “Minhas canções nascem de situações do humano, reais ou imaginárias, ou de uma mistura dos dois, mas não há nada de tão programático. Deixar claro o papel de igualdade da mulher não é tarefa que me caiba, sou apenas uma compositora”, afirma.

E é no ritmo de O micróbio do samba que Adriana Calcanhotto indica os sambistas que fizeram parte de sua formação musical. ©









BOX – NOEL PELA PRIMEIRA VEZ,
Noel Rosa
“Referência total do samba, Noel sempre esteve presente de vários modos na minha vida. Indico pela poesia presente em suas músicas e letras.”
O MUNDO É UM MOINHO,
Cartola
“Outro nome que é ícone da música brasileira. Admiro demais o trabalho do Cartola, a irreverência presente nas músicas e a sua contribuição para a história musical do país.”
CANTO DE RAINHA,
Dona Ivone Lara
“Para quem ama música, é impossível não gostar dela. Como já disse, Dona Ivone Lara não é uma mulher qualquer, é uma mulher que compõe samba-enredo.”
EU SOU O SAMBA,
Paulinho da Viola
“Não tem o que comentar sobre o Paulinho da Viola. Nome ilustre, suas composições e as parcerias que fez ao longo da vida, como com o Cartola, já falam por sí.”
SUCESSOS DE ZÉ KÉTI,
Zé Kéti
“Esse é mais um que eu ouço e amo. E não teria como ser diferente, já que compôs grandes clássicos como Opinião e Acender as velas. Tem de ser ouvido.”

créditos, link aqui.

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