Quem pinta os males espanta
Muita cor e muita tinta no reencontro de pioneiros do grafite paulistano em coletiva que inaugura galeria dedicada à arte urbana
Paula AlzugarayRemédio®/ Spray Galeria, SP/ até 7/5
Arte de rua como remédio. Essa é a fórmula proposta pelo grupo formado por Ciro Cozzolino, Marta Oliveira, Rui Amaral, Carlos Delfino e Zé Carratu no texto de apresentação da mostra coletiva inaugural da Spray Galeria, em São Paulo. Todos eles começaram a pintar na rua no início dos anos 80 e alguns desvirginaram grandes espaços urbanos como o túnel da av. Paulista. Amaral, Delfino, Carratu e Cozzolino formaram o Tupinãodá, que foi o primeiro coletivo de rua de São Paulo. Marta Oliveira integrou o Atelier Xanadu, que tinha como característica formal a elaboração de um traçado ingênuo e um gosto infantil pelo colorido. A cor – quanto mais, melhor – foi o elemento unificador dessa geração que hoje se reencontra no ambiente bem-comportado da galeria de arte.
Nessa exposição, a cor se apresenta como um remédio. Alguns fazem uso abusivo dela, outros moderado. Enquanto Amaral utiliza altas concentrações de pigmentos por metro quadrado, Carratu, em busca do equilíbrio, elegeu uma paleta de vermelhos, dourados, pratas e pretos para as cinco pinturas exibidas. Já Marta Oliveira, num gesto extremamente ousado para quem vem do grafite, se restringiu ao preto no branco.
Na sinfonia dos coloridos distribuídos pela galeria, sobressaem seus papéis brancos bordados com linha preta. O efeito é gratificantemente calmante.
Na sinfonia dos coloridos distribuídos pela galeria, sobressaem seus papéis brancos bordados com linha preta. O efeito é gratificantemente calmante.
MODOS DE USAR
As obras de Zé Carratu (no topo) e de Marta Oliveira (acima) fazem uso
moderado da cor. A tela de Ciro Cozzolino tem a agressividade como tônica
Agressividade é a tônica das pinturas de Cozzolino. Nem tanto pela briga das cores, mas pela descontextualização que o artista faz de ícones cultuados pela cultura pop. Walt Disney sempre foi um dos alvos desse pintor que em 1984 integrou a exposição “Como Vai Você Geração 80?”, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio. “O Pato Despedaçado pelo Amor da Margarida”, exposta na coletiva “Remédio®”, funciona como um antídoto ao conformismo.
Embora a geração 80 tenha se lançado aos prazeres da cor e da tinta, passadas duas décadas, seus pintores hoje praticam outras mídias. É o caso de Delfino, que procurou a forma inflável, e Carratu, que traz para a pintura o tratamento tridimensional que desenvolve no campo da cenografia.
Rui Amaral, proprietário da galeria com o colecionador José de Souza Queiroz, é quem permanece mais fiel ao estilo original, já que mantém sua ação como grafiteiro em projetos sociais na periferia.
Embora a geração 80 tenha se lançado aos prazeres da cor e da tinta, passadas duas décadas, seus pintores hoje praticam outras mídias. É o caso de Delfino, que procurou a forma inflável, e Carratu, que traz para a pintura o tratamento tridimensional que desenvolve no campo da cenografia.
Rui Amaral, proprietário da galeria com o colecionador José de Souza Queiroz, é quem permanece mais fiel ao estilo original, já que mantém sua ação como grafiteiro em projetos sociais na periferia.
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