terça-feira, 1 de março de 2011

Fenêtre de Cultura

Exposição mostra foliões do início do século passado

Com imagens bem mais comportadas do que se vê hoje pelas ruas e na TV, o Instituto Moreira Salles inaugurou na terça-feira (22) no Rio uma exposição que retrata o carnaval carioca na primeira metade do século passado.

A mostra traz algumas raridades dos dois acervos mais importantes do instituto, o de fotografia e o de música, em um período de 1910 até o final dos anos 1950.

São 50 imagens de fotógrafos conhecidos como Augusto Malta e Marcel Gautherot, além de uma série de gravações originais das marchinhas de sucesso da época.

Dois aspectos chamam a atenção no conjunto. De um lado, há as sucessivas mudanças culturais pelas quais a festa passou, da indumentária à exibição do corpo, que no princípio ficava absolutamente coberto até nas fantasias mais ousadas.

Do outro, a figura quase imutável do folião, que parece dotado de um similar "espírito" carnavalesco.





As Marrequinhas, grupo travestido na Sociedade Carnavalesca Democráticos, 1913. 
Imagem está em exposição do Rio


"O conjunto mostra esta disposição inacreditável das pessoas, desde aquela época, em se fantasiar e entrar neste jogo de inversão", diz Paulo Roberto Pires, curador da mostra ao lado de Sérgio Burgi, que coordena a área de fotografia do instituto.

As imagens foram selecionadas entre cerca de 1.500 fotos de carnaval que integram o acervo da instituição. Elas trazem registros de fotógrafos muito importantes, com um olhar jornalístico sobre a festa.

Isso acontece com Augusto Malta que retratou o carnaval carioca entre as décadas de 1910 e 1920, em pesados negativos de vidro, feitos com câmeras também pesadas sobre tripé.

Suas fotos mostram os desfiles de automóvel e uma festa aristocrática com influência europeia.

Os registros feitos por Marcel Gautherot e José Medeiros, nas décadas de 1950 e 1960, já em câmeras Rolleiflex e com maior mobilidade, mostram um carnaval mais popular, movimento embrionário aos desfiles atuais.

"Era um movimento muito mais musical, e que não tinha nada deste espetáculo de hoje", diz Sérgio Burgi.

A mostra vai até 13 de março, na rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea, de terça a sexta, das 13h às 20h, e de sábado a domingo, das 11h às 20h. A entrada é gratuita.

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