Renato Teixeira – Os autores, esses desconhecidos
No mundo das cantigas identificamos, antes de tudo, as cantoras e os cantores. Independentemente dos conceitos de cada um de nós sobre o que é cantar mal ou bem, tendo uma "bela" voz ou nem por isso, são os intérpretes o veículo das melodias e das palavras que nos empolgam para enfrentar a vida, que nos enternecem, ou que, muito simplesmente nos divertem. As cantigas ficam para sempre ligadas aos seus intérpretes. De tal modo que, quase sempre, ouvimos dizer que esta ou aquela canção é de fulana ou de beltrano, que a cantam, independentemente do facto de uma enorme parte dos intérpretes de canções nunca ter composto ou escrito canção alguma.
No entanto, por detrás de cada cantiga existem autores. Aqueles que apenas escrevem letras ou músicas, ficando na sombra e aqueles, a que gosto de chamar “cantautores” e que, com mais ou menos voz, dão a cara pelas suas obras, cantando-as.
Esta é a altura certa para a entrada em cena do nosso convidado de hoje, o brasileiro Renato Teixeira, criador e defensor da música “caipira” (não confundir com o subproduto mais comercial, a música “sertaneja”), instalado há muitos anos nos corações de uma boa fatia do povo brasileiro. Renato Teixeira nasceu em 1945, tem a arte de fazer grandes canções e seria por cá também muito conhecido, não fosse o facto de nós não “pescarmos” quase nada de música brasileira e portanto, para nós, a sua canção mais conhecida ser apenas aquela canção fantástica "da Elis Regina”... a “Romaria”.
Renato Teixeira gosta de explicar as suas canções, ou, pelo menos, dar uma ideia da razão por que as escreveu. Por vezes o desespero é tanto, o milagre é tão necessário, que mesmo aqueles que não sabem como rezar, esperam comover a Santa apenas com o seu olhar... – diz ele a propósito duma passagem da sua “Romaria”.
Sobre quem aqui vem cantá-la com ele, para além de dizer que já é repetente e de repetir que se trata de uma cantora que na sua vida “normal”, não poucas vezes (para mim, claro!) pisa o risco do “brega”, o nosso “pimba”... mas em brasileiro, é bom constatar que continua a fazer estas “fugas” para cantar grandes canções, normalmente em duos memoráveis. Aí está ela, a Ivete Sangalo, sentada, sem levantar “poêra, poêra”, muitíssimo grávida e acariciando discretamente o bebé enquanto canta... iluminando a mina escura e funda, o trem da nossa vida...
Bom domingo!
“Romaria” – Ivete Sangalo e Renato Teixeira
(Renato Teixeira)
por Samuel, créditos link aqui para assistir ao vídeo.
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