Aqui é o fim do mundo
Amazônia, fotografada por Claudia Jaguaribe, está entre as obras que dimensionam a noção de extremo, em exposição em Paris
Paula AlzugarayAutour de l’extrême/ Maison Européene de la Photographie, Paris/ até 30/1/ 2011
IMAGENS MUTANTES
“Igarapés”, série fotográfica de Claudia Jaguaribe, busca representar uma
natureza em constante mutação
De Marco Polo a Pierre Verger, passando por Hans Staden e Paul Gauguin, o europeu sempre perseguiu a ideia da superação de limites e sempre se pautou por sua vontade de conquista – intelectual, espiritual ou militar – de outros mundos. A mostra “Autour de l’Extrême”, na Maison Européene de la Photographie (MEP), em Paris, revisita essa longa tradição. Com fotos de 76 autores, pertencentes à coleção da instituição, a exposição explora a noção de extremidade em sua amplitude máxima, apontando para as dimensões que ela assume em campos tão diversos quanto a política, a sociedade, a estética, a cultura e a ciência.
A exposição é dividida em cinco áreas. No campo dos “Territórios Extremos”, a série “Igarapés”, da artista brasileira Claudia Jaguaribe, representa extremidades do mundo tão míticas e distantes para o europeu quanto o deserto do Saara, visto pelo francês Raymond Depardon, ou mesmo um pueblo do Novo México visitado pelo norte-americano Ansel Adams. Mas a Amazônia de Claudia Jaguaribe não é tão real nem tão perene quanto a imagem do astronauta Edwin “Buzz” Aldrin acenando para a câmera de Neil Armstrong, após deixar marcados os primeiros passos da humanidade na Lua – aquisição recente da coleção MEP. A mata molhada nas fotos e vídeos da artista brasileira está em permanente mutação e, diante dela, perdemos qualquer sentido de orientação. “O meu trabalho atravessa esta fronteira entre o documental, o simbólico e talvez o fantástico. São fotos documentais tratadas de forma que pareçam uma visão de algo quase impossível. De um ‘extremo’ que só a natureza traz”, diz Claudia Jaguaribe, que está entre os oito brasileiros com trabalhos na exposição.
O carioca Rogério Reis tem exposta a série documental “Surfistas de Trem”; Rodrigo Braga expõe a série “Comunhão”, em que se metamorfoseia em um bode; Miguel Rio Branco comparece com “Dog Man, Man Dog”; Claudia Andujar representa o transe em uma tribo ianomâmi; Vik Muniz reproduz imagens tornadas universais pelo fotojornalismo. Participam ainda Alberto Ferreira e Sebastião Salgado, que tem expostas fotos de trabalhadores nos campos petrolíferos do Kuwait. Eles estão distribuídos ao longo das muitas extremidades da exposição.
A exposição é dividida em cinco áreas. No campo dos “Territórios Extremos”, a série “Igarapés”, da artista brasileira Claudia Jaguaribe, representa extremidades do mundo tão míticas e distantes para o europeu quanto o deserto do Saara, visto pelo francês Raymond Depardon, ou mesmo um pueblo do Novo México visitado pelo norte-americano Ansel Adams. Mas a Amazônia de Claudia Jaguaribe não é tão real nem tão perene quanto a imagem do astronauta Edwin “Buzz” Aldrin acenando para a câmera de Neil Armstrong, após deixar marcados os primeiros passos da humanidade na Lua – aquisição recente da coleção MEP. A mata molhada nas fotos e vídeos da artista brasileira está em permanente mutação e, diante dela, perdemos qualquer sentido de orientação. “O meu trabalho atravessa esta fronteira entre o documental, o simbólico e talvez o fantástico. São fotos documentais tratadas de forma que pareçam uma visão de algo quase impossível. De um ‘extremo’ que só a natureza traz”, diz Claudia Jaguaribe, que está entre os oito brasileiros com trabalhos na exposição.
O carioca Rogério Reis tem exposta a série documental “Surfistas de Trem”; Rodrigo Braga expõe a série “Comunhão”, em que se metamorfoseia em um bode; Miguel Rio Branco comparece com “Dog Man, Man Dog”; Claudia Andujar representa o transe em uma tribo ianomâmi; Vik Muniz reproduz imagens tornadas universais pelo fotojornalismo. Participam ainda Alberto Ferreira e Sebastião Salgado, que tem expostas fotos de trabalhadores nos campos petrolíferos do Kuwait. Eles estão distribuídos ao longo das muitas extremidades da exposição.
LIMITES DO VISÍVEL
No campo da fotografia científica, a Lua vista por
Neil Armstrong é um dos extremos máximos
O conceito de “extremo” é usado como um filtro para observar as obras da coleção, um dos mais importantes acervos de fotografia moderna e contemporânea da Europa. Mas a curadoria de Milton Guran e Jean-Luc Monterosso peca ao querer estirar ao máximo um conceito que se define justamente pela finitude, pelo limite. A vontade de “explorar todos os territórios do mundo visível” – como explica o folder da exposição – conduz a um resultado extensivo, mas insatisfatório. Saltos tão radicais como aquele que se dá entre o corpo grotesco, de Cindy Sherman, e a estetização do horror, em Salgado, evidenciam critérios curatoriais mais quantitativos que qualitativos. Assim, a experiência do espectador em cada campo da mostra torna-se tão rápida quanto superficial. E a dimensão da sala dos “Territórios Extremos” não dá conta da grandeza inabarcável da mata, do deserto e do universo.
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